Corali não mora mais aqui.

Corali não mora mais aqui.
(Sávio Assad)

Nesta manhã acordei um pouco sonolento,
talvez por não ter dormido direito,
ou por ter perdido o sono repentinamente.
A dor ainda insiste em latejar, dentro do meu peito
e eu me recuso a me curar.

Depois de uma longa parada na soleira da porta,
mirando o horizonte
estonteante desta manhã de sol,
me pego com os olhos rasos d'água,
pensando e a dor latejando.

Transpassando o tempo, de tempo em tempo,
me sinto pequeno e sem propósitos
a somar no meu destino,
já tão amargo quanto o sabor de meus próprios lábios,
ao roçar de minha língua sedenta.

O vazio já se instalou no recinto
e sinto o eco de meus pensamentos
a me perseguir entre paredes de pura tenção,
num frenesi incomparável
e na doce ilusão do seu pensamento,
penso em nós dois, sozinhos.

Ninguém sabe qual será o nosso destino
e nem eu tenho esta pretensão em saber,
pretendo sim lançar mão da borracha
e apagar as pistas deixadas para trás.
Olhando o banco vazio se distanciar,
lentamente, calmamente e perigosamente.

Niterói - RJ - 12/11/2009

http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1920457

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