Enigma.


Enigma.
(Sávio Assad)

Quem te escreve, sou eu, que pertenço as suas entranhas
e caminho na sua imaginação,
em silêncio profundo, sem medo.

Eu que te pertenço, sem você saber
e sei que me ignoras no seu pensamento,
querendo não me pertencer.

Sou a sombra tardia dos seus pensamentos mais remotos
e das suas agonias mais profundas,
onde me deleito a espreitar.

Minhas mãos segura seu coração latente
e vibra a cada emoção vivida,
apertando-o serenamente, calmamente.

Me perco nos seus passos largos
a caminho de uma esperança e me refaço,
rindo da lentidão da sua volta derrotada.

Me pego olhando seu rosto, ora sorrindo, ora séria
e sinto seu hálito invadir o meu,
atordoada, perdida.

Não, não pense em me arrancar de dentro de você,
pois arrancarás sua alma
e cairás, sem sentidos.

Assim, porém, me encontrarás
e então verás que sou você mesmo,
um pequeno enigma dos seus sonhos.

Niterói - RJ - 06/11/2009

http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1909256

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